O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que Chega a fingir que é dor
A dor que que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não aduas que ele teve,
Mas só a a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira , a entreter a razão ,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
FERNANDO PESSOA. Obra Poética . Rio de Janeiro : Cia . José Aguilar Editora, 1972, p.164.
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